Meu (futuro) amor
Cátia Sofia Santos
Meu amor,
(Permite-me que te trate assim, pois irei fazê-lo, mais cedo ou mais tarde.)
Neste momento, eu não sei quem tu és e tu não saberás quem eu sou. Estás numa qualquer parte do mundo e eu estarei numa outra qualquer. Sei apenas que irei amar-te, caso contrário, não te chamaria assim. Não será de um dia para o outro, e mesmo que seja não irei admiti-lo, portanto, sê paciente comigo. Tenho um coração frágil que terás de tratar “como quem lida com ovos”, peço-te que não o deixes cair, pois se deixares, nunca mais o terás, acredita. Vais sentir que não confio em ti, inúmeras vezes, vais chamar-me ciumenta e eu vou irritar-te apenas com a minha presença. Terás de ser tu a oferecer-me a segurança de que necessito. Tenho uma colecção enorme de defeitos, mas terás de os amar a eles também para seres merecedor do meu momentos bons qualquer um quer partilhar comigo. Sou pessimista e sofro muito por ansiedade, terás de encontrar uma forma de me acalmar sempre que eu precise.
Se o dia me correr mal irás ver-me de mau humor e com alguma arrogância, até. Embora passados poucos minutos reconheça que agi mal e te vá pedir desculpa e recompensar-te pela minha atitude negativa.
Serei extremamente compreensiva contigo, mesmo que isso me mate por dentro, irei esforçar-me por aceitar todos os teus defeitos e falhas. Irei dizer-te montes de lamechices e exigir que as retribuas, mas também irei gozar contigo e achar piada quando gozares comigo. Dar-te-ei milhões de beijos e abraços e quererei passar o máximo de tempo contigo, embora passe a vida a queixar-me que não tenho tempo para nada. Mudarei alguns hábitos por ti, se assim tiver que ser. Serei, acima de tudo, tua amiga e farei o que estiver ao meu alcance para que te sintas bem e feliz. Vou sofrer se te vir doente, ainda que seja apenas uma constipação e vou ficar radiante sempre que obtenhas sucesso em algo.
Sei que vou amar-te, porque se não amar, nunca chegaremos a este ponto. Mas sei que não será fácil.
Neste momento, respiro liberdade e não me vejo em esquemas amorosos. Em ilusões, em nada disso. Se me quiseres de verdade, terás de conquistar-me lentamente e com dedicação máxima, sem um único passo em falso, terás de ser (muito!) paciente e delicado comigo. Vivo desiludida com as pessoas e desacreditada em tudo o que possas imaginar. Cabe a ti mudar isso e fazer-me acreditar. Ou isso, ou nada.
Talvez existas num canto da humanidade e estejas, sem saber, à minha espera, tal como eu estou à tua. Não vou procurar-te, encontra-me.